terça-feira, 24 de abril de 2012

Coisas irritantemente irritantes que irritam:


Trânsito, retenções e congestionamentos


enorme congestionamento de carros na capital paulista

O trânsito lento,  as retenções e os engarrafamentos surgiram no séc. XIX, em São Paulo. Cinquenta anos depois, foi reconhecido como patrimônio cultural daquela região.  Desde então, os paulistanos se empenham em fortalecer sua cultura batendo recordes anuais de congestionamentos e definindo novas metas de lentidão.

quadro de isaac newton
Droga de trânsito! 
O Rio de Janeiro, rival tradicional de São Paulo, sentindo-se atrasado, também resolveu incorporar este hábito expoente da modernidade e intimamente inspirado pela primeira lei de Newton, aquela que diz que um veículo parado num engarrafamento tende a permanecer eternamente lá.

Newton, após atrasar-se para uma reunião em São Paulo, afirmou também que o tempo (t) parado em um congestionamento é diretamente proporcional a quantidade de buzinadas (b) por segundo e inversamente proporcional à paciência (p) do motorista.





Pois bem, o trânsito contemporâneo é o resultado de um grande número de pessoas querendo se deslocar para determinados locais ao mesmo tempo utilizando-se, para sua locomoção, de veículos que não foram feitos para comportar um grande número de pessoas. Em outras palavras, gente demais dentro de carros que ocupam espaço demais e transportam pessoas de menos.

Soluções para essa praga do cotidiano: 



Tenho três soluções práticas para  diminuir os congestionamentos das grandes cidades, duas delas de caráter político-legal e uma de cunho empreendedor.

Como legislador ou líder fascista, decretaria as seguintes leis:

1- Fica estabelecida a multa de 25 salários mínimos para aquele que provocar acidentes de trânsitos em função de desatenção ou condução imprudente comprovado por perícia.

Defesa: muitas vezes grandes congestionamentos são provocados por motoristas desatentos que fazem merda no trânsito. Com a ameaça da multa absurda, os motoristas manteriam os esfíncteres tão contraídos que a atenção estaria sempre redobradas.  A multa seria aplicada somente após o laudo da perícia comprovar a culpa do motorista.  Se o motorista em questão presta serviços a empresas exploradoras e causou o acidente por estar há 4 dias sem dormir, a multa será cobrada das empresas.

2 - Veículos trafegando com apenas um passageiro em horário comercial e horário de rush serão multados em valores abusivos e terão o IPVA triplicado.

Defesa: Como dito anteriormente, muitos carros com poucas pessoas ocupam uma grande área nas estradas, e consequentemente causando a lentidão que tanto irrita e joga fora preciosas horas das nossas já curtas vidas. Essa proposta obrigaria as pessoas a colocarem mais gente nos carros e acabar com o individualismo não saudável que destrói a sociedade. Com a lei, as pessoas passariam a oferecer carona aos amigos de trabalho (e a fazer novos amigos).
O dinheiro das multas seria obrigatoriamente investido nas empresas de transporte coletivo, para que quintuplicassem sua frota, instalassem ar-condicionado, rede wi-fi e bancos de couro reclináveis.
Essa ideia só não daria certo porque a primeira coisa que fariam era dar um jeito de desviar o dinheiro das multas para fins pessoais.

Solução empreendedora:


Coletivo de luxo Ônibus exclusivo com serviço de bordo diferenciado

Pessoas da classe mérdia alta não gostam da palavra coletivo, pois lembra muita gente junta, aglomeração, suor e cheiro de Axe vencido.  Mas se você coloca a palavra "exclusivo", ai eles gostam, mesmo que os lugares exclusivos tenham outras pessoas frequentando, não sendo, por definição, tão exclusivos assim.

Meus ônibus teriam três categorias. A categoria Premium teria tarifa de R$20 e os executivos contariam com poltronas individuais, ar-condicionado, rede wi-fi, massagista (cobrado por fora), todos os jornais do dia e revistas da semana e fones de ouvido com músicas selecionadas. Na parte traseira do ônibus haveria mesas nas quais os executivos workaholic poderiam adiantar o trabalho em seus notebooks e fazer networking com executivos de outras empresas.
As outras categorias seriam intermediária, para aquela galera que tem alguma grana e por isso é metida, e a categoria econômica, para o povo que está na pindaíba.

Meu ônibus teria o mesmo conforto que um carro de passeio, sairia mais barato que a gasolina para se ir trabalhar durante o mês e as pessoas ainda poderiam usar o tempo de deslocamento para fazer qualquer outra coisa  já que não precisariam dirigir. Assim, teríamos ônibus na cidade que atenderiam a todas as classes, suas peculiaridades e suas picuinhas com o transporte coletivo, aliviando o congestionamento causado por excesso de carros com uma única pessoa dentro.

Agora só falta arrumar um investidor para por a ideia em prática. Enquanto isso, eu vou pensando em mais soluções mirabolantes para os problemas da vida durante as duas horas diárias que passo em trânsito devido ao trabalho.


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